Não há nada mais revigorante do que um toque de realidade às coisas visivelmente impossíveis a nós. A realidade nos isenta a culpa por termos fracassado, antes mesmo de tentarmos. Eu, particularmente, sempre achei fantásticas as pessoas que têm o dom da realidade intuitiva na primeira avaliada de uma situação. Essas pessoas jamais sofrerão da babaquice aguda que me atormenta desde que eu nasci.
Sonhar é bom, gente. Não nego isso. Mas nos tempos em que vivemos, tempos em que a felicidade é medida na proporção das nossas realizações, me convenci que é melhor adequá-los ao formatinho A4, que é bom, barato e universal. Claro, por que viajar nos pensamentos se posso, ao invés disso, gastar o tempo em produção real do que eu quero? Eu tô falando de objetividade e pé-no-chão.
Sei que é difícil, inclusive para amantes dos sonhos impossíveis como eu, se desvincular dessa estranha mania de ainda acreditar numa carreira de sucesso e na casa da Manhatam. Pára com isso. Você não é melhor que ninguém. Você não vai, de repente, fazer faculdade, passar num concurso público em primeiro lugar, ser rico, ter uma apartamento de férias no exterior, e ser amado por todos os seus parentes pobres.
Em primeiro lugar, não existe felicidade instantânea e linear. Entre faculdade e concurso públiuco, existem muitos anos de curso perparatório, coxinha de frango e ônibus cheio. Segundo, não dá pra ter um apartamento de férias no exterior e parentes que te amem ao mesmo tempo. Não rola. No mínimo, tem que haver algum primo invejoso dizendo que você conseguiu a proeza vendendo o corpo, ou algo do tipo. Terceiro, o tempo que você perde pensando em qual concurso passará, quanto vai ganhar, como será a decoração do apê e qual carro esfregar na cara do seu primo invejoso, por que não pensar em coisas simples,que estão ao seu alcance?
Qual o problema em sonhar com um emprego classe média de segunda à sexta, pode ser público também, uma casa com quintal em Vila Isabel, fazer churrasquinho para a família? Garanto que a felicidade será, pelo menos no momento, a mesma e com simplicidade ao seu alcance. O que importa não é isso mesmo: o momento da felicidade?
Peraí, comecei o texto falando sobre realidade e terminei com felicidade e simplicidade na mesma frase? Desculpe caro leitor, ainda tem muito o que aprender esta blogueira sonhadora. Volte para o sonho do apartamento no exterior.